Cia Simples em outros!

 Destaque para as atrizes Lucina Paes, Daniela Duarte e Flávia Melman

GOTA D'ÁGUA BREVIÁRIO
com a Cia. Simples integrando o elenco!

Estreou no dia 11 de janeiro , quarta-feira, às 21 horas, no Teatro Sesc Ipiranga 2005. Texto - Chico Buarque e Paulo Pontes. Direção - Heron Coelho. Direção Musical - Alessandro Pennezi. Elenco - Georgette Fadel, Cristiano Tomiossi, Alexandre Krug, Luiz Mármora, Daniela Duarte, Luciana Barros e Flávia Melman. Iluminação - Cibele Forjaz. Cenografia e Figurinos - Heron Coelho. Músicos - Alessandro Pennezi (violão e sopros), Miró Parma (percussão) e Richard Armando (sopros). Censura - 12 anos. Duração - 90 minutos. Gênero - Musical. Temporada - Quartas-feiras às 21 horas. Ingressos - R$ 10,00 (público geral); R$ 5,00 (usuário matriculado, estudantes com carteirinha e pessoas com mais de 65 anos) e R$ 3,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculados). Temporada - Até 29 de março, às quartas-feiras, às 21 horas .

 Gota D`Água Breviário
por Juliene Codognotto

Poesia-social-sofrida

Imagine três horas de peça em que os atores recitam versos escritos em 1975. Um saco!, você deve ter pensado, a menos que você seja poeta. Agora imagine que isso pode ser envolvente e divertido. Difícil, mas a Companhia Breviário (formada pelas companhias São Jorge, Simples e Domínio Público, além de alguns atores sem grupo fixo) consegue tal façanha em sua releitura de Gota D`Água, peça escrita em plena ditadura militar por Chico Buarque e Paulo Pontes, com a proposta de transportar a Medéia de Eurípedes, grego doido, para a atualidade e a realidade brasileiras.

Com pouco tempo de peça, ficamos atônitos ao perceber as rimas perfeitas e verossímeis do texto que não são chatamente declamadas, mas sussurradas, gritadas, vividas, se tornando ainda melhores. Mérito dos autores, sem dúvida – segundo Georgette, para encenar este texto é só não atrapalhar.

A história de Joana, mulher abandonada pelo companheiro Jasão que resolve se vingar do rapaz, é uma desculpinha usada pelos autores para falar de problemas sociais graves e relevantes, tais como a submissão feminina e o preconceito contra a mulher, os limites e a fragilidade da mobilização popular baseada na condução das massas, os efeitos da ascensão social e, sobretudo, a exploração dos trabalhadores no pagamento dos juros das casas aqduiridas em conjuntos habitacionais (onde vivem Joana e a maior parte dos personagens da peça). Nestes locais, administrados por falsos agentes sociais/ empresários bem-intencionados , não é raro que o morador adquira uma casa por X reais e, depois de dois anos pagando prestações crescentes, esteja devendo 2X de reais.

A crítica social ganha contornos mais coerentes para o nosso tempo quando Egeu – o vizinho responsável pela mobilização contra Creonte (o dono do conjunto habitacinal) – questiona a lógica do trabalho e da comercializacão do tempo e da vida, afirmando que os moradores deixam a cachaça, o samba, a diversão, deixam até mesmo de ir aos estádios e de comer para poupar o dinheiro de uma prestação que nunca acaba. Dessa forma, os trabalhadores buscam se inserir numa lógica nefasta em que, por mais que troquem vida por dinheiro, o dinheiro nunca será suficiente para que possam viver decentemente. De 75 pra hoje, intensificamos o mecanismo e cada vez mais pessoas se matam de trabalhar com vistas a se tornar o novo Abílio Diniz. Claro, não conseguem. A grande diferença é que hoje, além de tudo, não podemos nos reunir e ir reclamar com nosso Creonte-explorador. A menos que alguém aí tenha o celular ou o blog do fluxo internacional de capital.

Em contrapartida a toda essa seriedade do texto, somos recebidos no SESC Paulista (adaptado para o formato de semi-arena) por todos os atores e músicos no palco, cantando e dançando animadamente. Um pequeno e simples ritual regado a vinho, que lembra de cara o espetáculo da Companhia Simples, Se eu fosse eu, em cartaz no N.Ex.T. Todo o prólogo é pura “fritação” das jovens atrizes da Simples, que não páram um segundo no palco e interagem com a platéia, até que o público esteja acomodado.

Passado isso, somos bombardeados por tragédia atrás de tragédia e, no entanto, rimos e sorrimos, tanto para as lindas músicas do Chico como para a riqueza da personagem de Joana. Criação corajosa da atriz Georgette Fadel, Joana é um misto perfeito de dramaticidade e comicidade, que conquista a simpatia do público. Tanto que consegue jogar todos nós contra o safado do Jasão que, depois do sucesso de sua composição Gota d`Água, trocou o companheirismo da mulher que sempre o ajudou pela riqueza da herdeira de Creonte. É o tradicional: “seria cômico se não fosse trágico” e, quase paradoxalmente, ao radicalizar o trágico sem medo de fazer “teatro sofrido”, Georgette valoriza o cômico de sua personagem.

A entrega da atriz acaba evidenciando problemas na atuação de Cristiano Tomiossi, intérprete de Jasão, que fica diminuído diante dela, embora seja o suporte para o brilho da protagonista. O que me incomodou mesmo é que senti falta de um Jasão menos moleque perdido e mais encantador e “malemolente”, que apesar de tê-la abandonado, ainda a mantém presa ao seu encanto.

Finalmente, vale relatar aqui que os direitos autorais desta obra são pagos ao Chico e ao irmão do já felecido Paulo Pontes. Natural, né? Afinal todo mundo sabe que os parentes são essenciais no trabalho dos artistas, não? O que seria de um dramaturgo se enquanto ele escrve, não estivesse lá seu irmão mais novo pentelho gritando em sua orelha? Ainda nesta linha de raciocínio, ou seja, ainda falando sobre os mega-coerentes critérios de pagamento de direitos autorais, acrescento que a montagem da Breviário não poderá ser exibida nem no Rio, nem em BH, pois nestas cidades há grupos que compraram a exclusividade dos direitos. Bem, azar o deles…





Love ‘n’ Blembers

Love and BlembersFui domingo passado e estou pensando em ir de novo. Além de teatro com toques de dança, rola projeção de vídeo e música ao vivo (Claudia D’Orei canta, toca trompete e faz discotecagem ao lado de dois músicos que também atuam). Leia críticas do Estadão e da Revista Bacante.

Fui fisgado logo na segunda cena, na qual um casal senta-se à mesa e se lambuza com vinho e maçãs: o exagero do vinho derramado não só explicita aquilo que sutilmente nos acontece, mas é o que temos vontade de fazer de fato no meio do restaurante.

Outra cena que achei genial é a do abraço. Lembra do Me and You and Everyone We Know (Eu, Você e Todos Nós), quando a Miranda July anda na calçada com o cara da loja e eles vivem um relacionamento que dura uma quadra? Então, Love and Blembers mostra uma relação inteira no tempo de um longo abraço. Eu morri de rir e quase chorei, tudo em poucos minutos.


O espetáculo é dirigido pela Georgette Fadel, tem um elenco foda (destaque para o pessoal Cia.Simples: Luciana Paes, Otavio Dantas, Flavia Melman e Daniela Duarte), e a música é excelente.



Atores da Cia.Simples Flávia Melman e Otávio Dantas

A peça Escuro lidera a primeira lista de indicados da 23ª edição do Prêmio Shell de Teatro de São Paulo, referentes aos espetáculos que estrearam no primeiro semestre deste ano.

Escuro concorre aos prêmios de melhor autor, direção e cenário, com Leonardo Moreira, que divide esta última categoria com Marisa Bentivegna. Também concorre aos prêmios de melhor atriz, com Luciana Paes (Cia. Simples), e figurino, com Theodoro Cochrane.


Teatro - "Escuro", nova peça de Leonardo Moreira
Escuro explora as possibilidades invisíveis da comunicação humana Nova peça de Leonardo Moreira, diretor de "Cachorro Morto", aborda a inadequação da linguagem e retrata caminhos alternativos das relações interpessoais Um menino míope com uma estranha capacidade de ouvir os segredos das pessoas, uma locutora cega que declama poemas no alto falante e o dono de um clube que perde as palavras ao tentar falar. Em comum entre eles existe a limitação de linguagem, que é explorada de diversas formas no espetáculo inédito "Escuro". O novo trabalho do jovem diretor e dramaturgo Leonardo Moreira dá continuidade ao projeto de investigação artística, iniciada com a elogiada peça "Cachorro Morto", que estuda outras formas de percepção da realidade, diferentes perspectivas sobre o cotidiano e estratégias alternativas de comunicação entre as pessoas. O trabalho consolida a "Companhia Hiato" e sua união com a "Companhia Simples de Teatro".Em um clube no interior paulista, estão prestes a acontecer um concurso de canto e um campeonato de natação para cegos, surdos e mudos. Pessoas com as mais diversas limitações de comunicação se encontram em um cenário onde tudo é água. São os diálogos e os não-diálogos entre eles que levam o espectador a refletir sobre as possibilidades invisíveis da comunicação humana."Escuro" conta uma história sobre pessoas comuns, suas inadequações, os hiatos entre suas relações e os olhares que as cercam. A trama se baseia na correspondência íntima da escritora inglesa Helen Keller, que era cega, surda e muda, com sua professora Annie Sullivan, que sofria com a perda gradativa da visão, além de se apoiar em histórias verídicas relatadas pelo neurologista Oliver Sacks. Com texto premiado pela Secretaria de Cultura de São Paulo com o "Prêmio Estímulo a Novos Autores", o jovem diretor inova ao levar linguagem do cinema para o teatro. As narrativas ligadas em redes ditam o ritmo. As cenas voltam no tempo e são repetidas várias vezes, com uma nova abordagem em cada uma delas. Cegueira e outras fragilidades da visão, desorganização da fala e afasia ou perda da capacidade auditiva unem de forma sutil - e sem procurar criar um espetáculo inclusivo ou didático - quatro universos imaginários, reflexos de outras formas de pensamento, memória e cognição.

União de "Companhia Hiato" e "Companhia Simples"O espetáculo marca a fusão da Companhia Hiato, que conta com os atores Luciana Paes, Thiago Amaral, Aline Filócomo e Maria Amélia Farah, e da Companhia Simples de Teatro, integrada por Flávia Melman, Daniela Duarte e Otávio Dantas. A peça conta ainda com outros jovens atores que também têm se destacado na cena teatral paulista: Paula Picarelli, André Blumenschein e Fernanda Stefanski

Ficha Técnica Escuro Direção: Leonardo MoreiraDramaturgia: Leonardo MoreiraElenco: Luciana Paes, Paula Picarelli, Aline Filócomo, André Blumenschein, Flávia Melman, Maria Amélia Farah, Thiago Amaral, Fernanda Stefanski, Daniela Duarte, Otávio Dantas.Cenário: Marisa Bentivegna / Leonardo MoreiraIluminação: Marisa BentivegnaFigurinos: Theodoro CochraneTrilha Sonora: Gustavo BorrmannFotos: Gui Mohallem / Otávio DantasTreinamento Libras: Sônia OliveiraTreinamento Corporal: Rodrigo PalmaCoreografia: Giselle CalazansAssessoria de Comunicação: Lúcia Faria Inteligência em ComunicaçãoArte Gráfica: Gustavo BorrmannProdução: Frye Produções Artísticas, Cia. Hiato e Cia. SimplesDireção de Produção: Leonardo MoreiraProdutor Executivo: João Victor DalvesRealização: SESC - SP / Secretaria de Cultura - ProAC .